Vendavais
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Que país é esse
que sofre nas filas compridas sofridas dos hospitais?
Que mendiga esperança nas lidas
Nas idas e vindas, nos vendavais?
Que transforma em lutas indignas
direitos tão banais?
Que país é esse
que entrega os minérios, seus ouro, tesouro, aos seus rivais?
Que perdoa os cretinos e ratos que roubam a nossa paz
em seus caros ternos, carrões, tão corruptos e marginais?
Que país é esse
Que prende oprimidos, vencidos, carentes por crimes tão banais?
Mas elege sinistros bandidos, safados, tão teatrais
repetindo os bordões de inocência de outros carnavais?
Que país é esse
com crianças nas ruas, nos vícios, no lixo, feito animais
salpicando de sangue a inocência perdida em crimes brutais
lacerando o futuro da tão sonhada paz?
By Jorge Rheiz
Despertar
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De todas as sementes que plantaram
Nas tenras, férteis terras do amor
Poucas foram as que sobreviveram
Às duras negras garras do rancor
Milhões de vozes choram pela paz
São tantas mãos sedentas de calor
Pés que vagueiam mundos sem destino
Mentes cansadas, torpes, sem pudor
São vidas mansas, presas do destino
Herança de um passado que marcou
A rouca, intensa voz em desatino
De um louco, violeiro ou pregador
La fora o mundo gira sem pensar
Nas negras mentes torpes, sem pudor
Que lançam mãos da força em desalinho
Nas insensatas guerras e na dor
Talvez o mundo alcance o despertar
Antes de todo verde se acabar
Antes que possa o céu enegrecer
Enquanto houver a inspiração do mar
E todos os poetas vão brilhar
Nas mais inteligentes criações
A semente plantada há de vingar
No despertar das novas gerações
Talvez nas estrelas
O dia amanheça
No brilho dos olhos
Nas faces regadas
Esperança talhada
No aço da dor
ByJorge Rheiz
Desperte a Saudade Morena
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Desperte a saudade, morena
Desperte o meu peito, cantar
Amanhã pode ser muito tarde
E o sol já não tarda a chegar
Seja a arca, meu tesouro
Aventuras, navegar
O seu corpo é todo ouro
Vou na noite mergulhar
Foi-se o tempo de menina
Foi-se as tranças, foi sonhar
Hoje as luzes da cidade
Ofuscam o brilho desse olhar
Veja o sol lá no horizonte
Despontando, madrugar
A estrada já me chama
Mais um dia, caminhar
Sem adeus, sem despedida
Só lembranças, violar,
Deixo um mundo de histórias
Para o seu mundo encantar
By Jorge Rheiz
Devaneios
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Ela tem um olhar penetrante,
a boca é pura sedução,
a sensualidade do seu corpo me provoca arritmia,
o pé-de-barriga me leva a plenas tonturas
Diante dela meu mundo desmorona
e as profecias maias ficam a
um passo da realidade
Ela é um sonho quase impossível
mas eu sou um sonhador inveterado
Nos meus devaneios
eu sou apenas um fiel súdito
aos pés de uma semi-deusa
Sempre que a vejo da minha espaçonave,
na rua, na lua, sei lá,
quebro as dobras do tempo
para pegar altas ondas
nas nebulosas de alguma constelação
By Jorge Rheiz
Estrela Guia
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É noite e nessa estrada
Solidão já me rodeia
Nem a luz da lua cheia
É capaz de consolar
Vou trilhando o meu caminho
Vou cantando o meu penar
Carregando as minhas mágoas
Pra chorar n’outro lugar
Já andei os quatro cantos
Já corri tanta estrada
Coração em disparada
Pensamento a divagar
Já vivi tanta aventura
Fui cavalo e cavaleiro
Fui soldado por dinheiro
Fui vencido e vencedor
E agora nessa estrada
Nem a lua me seduz
Busco uma estrela guia
A minha fonte de luz
Já andei os quatro cantos
Já corri tanta estrada
Coração em disparada
Pensamento a divagar
By Jorge Rheiz
Fagulhas
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À noite
A cidade incendeia
De sonhos profanos
Guerreiros, castelos de areia
Momentos insanos
Guiados pela incerteza
De meros prazeres
Levados pela correnteza
Da sede de amor
À noite
A cidade incandeia
Meus olhos serenos
Lavando de brilho
A sereia do mar da paixão
Lesando os segredos
Contidos no peito a sangrar
Rompendo barreiras,
Trazendo o teu cheiro no ar
São fagulhas do medo
Queimando a verdade incontida
Espalhando as cinzas da vida
Num mar de ilusão
By Jorge Rheiz
Falsos Heróis
( À Tiradentes )
Há tanta coisa que eu preciso falar
Há tanta coisa que eu não sei como dizer
O mundo tá todo errado
Quem sou eu, quem é você ?
O que ontem foi prazer
Hoje é necessidade
Ouço vozes no escuro
Proclamando a liberdade
Murmuram atrás dos muros
Relutantes em dizer
Que os heróis da nossa era
Não sou eu nem é você
Há tanta coisa que eu preciso falar
Há tanta coisa que eu não sei como dizer
O mundo tá todo errado
Quem sou eu, quem é você ?
Pelos campos, pelas ruas
Erguem vozes e bandeiras
Rimam versos contundentes
Choram moças casamenteiras
E os heróis da nossa era
Preocupados em viver
Se ofuscam na memória
De quem morreu por não saber
Que há tanta coisa que eu preiso falar
Há tanta coisa que eu não sei como dizer
O mundo tá todo errado
Quem sou eu, quem é você? (
By Jorge Rheiz
Inspiração do Amor
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Enquanto existirem
a noite, a lua e as estrelas
a inspiração do amor
tornará todos os sonhos
possíveis
By Jorge Rheiz
Irremediável Fim
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As águas de uma nascente
são puras e límpidas de esperança
por um caminho suave até o mar.
Assim deveria ser o homem
a caminho do seu
irremediável fim.
By Jorge Rheiz
Irremediável fim – 2
-
Quando jovens,
sabemos e podemos tudo.
Quando velhos,
descobrimos que não sabíamos nada
e que temos muito a aprender.
Feliz daqueles que reconhecem seus erros,
que tem humildade para pedir perdão
e que sabem perdoar.
O irremediável fim não escolhe raça, cor,
religião, sexo, beleza, dinheiro nem poder.
Recarregar nossas energias,
reaprendendo e perdoando
é o que nos fazem realmente vivos.
By Jorge Rheiz
Lassidão do tempo
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Como um pássaro ferido
em seu último vôo,
na eternidade da queda,
o final parece mais doce
com as lembranças vivas
de amores intensos
perdidos
na lassidão do tempo.
By Jorge Rheiz
Lembranças postas
( À Tâmara )
Longe de você
Meus olhos são
Duas estrelas sem brilho
No espaço sideral
Na imensidão do tempo
Pensamentos lentos
E passam as noites,
Cidades mortas,
Lembranças postas
Farta solidão
E esse coração
A palpitar a sorte,
Lassidão do tempo,
Lentidão da morte
By Jorge Rheiz
Mãe
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Segure forte a minha mão
e me guia, pois,
apesar de já bem crescidinho,
cada vez mais eu me sinto
uma criança frágil
e dependente do seu amor,
único, puro e verdadeiro.
Quando você se for e
se transformar em estrela,
direcione o seu jato de luz
sobre o meu caminho
para que eu não perca o rumo
e possa seguir em frente,
rico de amor e de esperança
por dias melhores
e por um mundo pleno de paz.
By Jorge Rheiz
Ninguém
( Aos mendigos )
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Oi, desculpa te incomodar,
meu nome é ninguém.
Sempre te vejo pelas ruas,
em lojas bacanas,
bons restaurantes,
desfilando em carrões,
ostentando sua superioridade.
Nem sempre você me vê
mas eu estou respirando o mesmo ar,
nas esquinas,
nas portas de restaurantes e
botecos,
nos semáforos...
Você nem imagina a felicidade que sinto
quanto me nota, nem a minha tristeza
com a sua indiferença.
O seu olhar de nojo é visível
e quando estendo a mão,
consigo ler em seu pensamento
aquela frase impensada dizendo:
- Vá trabalhar, vagabundo!
A sociedade não admite pessoas mal vestidas,
sujas, pés descalço e sem nenhum nível de instrução.
Eu adoraria ser igual a você,
mas acredite, eu até tentei.
Se você prestasse atenção em mim,
talvez a minha vida mudasse para melhor.
Enquanto isso não acontece, continuarei pelas ruas,
te importunando e pedindo a Deus para não te esquecer,
como parece que fez comigo.
By Jorge Rheiz
O Amor
-
O amor não tem fronteiras,
não tem idade,
nem sexo,
não tem religião,
foge ao tempo,
não tem cor
ou preconceito,
não tem cidade ou país,
pode ter medo
mas tem, sobretudo,
muita coragem e esperança.
O amor se sobrepõe a tudo.
By Jorge Rheiz
O Final
-
Minha gente eu tenho medo
Pois não é nenhum segredo
Ele um dia vai chegar
Feito um vento vadio
Provocando calafrios
Com certeza ele virá
O final tão esperado
Lamentavelmente vai acontecer
Na verdade é muito fácil
Para qualquer um prever
Basta olhar à sua volta
E terá essa visão
Tantas árvores caídas
O caos da poluição
Governantes arrogantes
De nações tão poderosas
Com certeza vão chorar
Pois não há força maior
Que a fúria destrutiva
Que esse final terá
Nem o orgulho das Américas,
Da Europa ou do Japão
Poderão ir fazer frente
Ante a fúria destrutiva do vulcão
O céu então vai se abrir
E toda a terra vai tremer
A poeira vai subir
O sol vai desaparecer
By Jorge Rheiz
O Navegador
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Um barco se lança ao mar
para um destino qualquer.
No percurso muitas tempestades e incidentes
fazem os tripulantes irem abandonando o navio,
de porto em porto,
até só restar o seu capitão.
Cansado e impossibilitado
de seguir viagem sozinho,
atraca a embarcação em um porto qualquer
e vê o tempo desfazer os nós das amarras
até o seu último por do sol.
O barco é a família.
Os nós e amarras são o sentimento
que deveriam perdurar até o fim.
Mesmo que os tripulantes retornem,
o tempo terá corroído toda a estrutura.
Mesmo que tente consertar os danos,
aquele barco jamais será o mesmo
e nunca completará a sua viagem.
Eu sou um navegador sem rumo,
que perdeu a sua embarcação
num mar revolto de ódio e palavras letais.
Do mar dos meus sonhos,
apenas gotas molham a minha face.
By Jorge Rheiz
O Poeta
-
Na copa da mata
desperta o poeta
e tinge de verde
a cor do teu sol
Verde da luz remanescente,
transfiguração arcaica dos teus olhos
e tinge a cidade de preto fugaz.
Na cor dos seus dentes,
um branco amarelo,
de tudo que é belo
só o vento conhece.
Se andas à toa,
nos campos, nos mares,
cabelos, chicotes,
a fronte lhe crispa.
E o sangue lhe corre
como a alma lhe fere,
ser o rei de um mundo
tão pequeno e eterno
By Jorge Rheiz
O Rio dos Meus Sonhos
-
No rio dos meus sonhos
as águas são límpidas e transparentes.
Nela mergulharíamos
no afã de nos livrarmos
do suor da maldade,
do ódio,
da intolerância,
do racismo,
da falta de amor ao próximo
e de um monte de bobagens
que nos desviam
do nossa maior objetivo:
- A felicidade.
By Jorge Rheiz
O Tempo
-
Se eu pudesse
voltar no tempo,
não queria apenas
reviver os meus dias de glória,
mas, também,
a chance de corrigir
os meus erros,
evitando as lágrimas
de quem chorou por mim
By Jorge Rheiz
Paixão
-
A paixão é doença do amor.
Provoca transtornos mentais,
dores abdominais,
dores no peito e na alma.
Causa absoluta de eternas insônias,
e, em alguns casos,
faz a pessoa acordar
queimando em febre.
Já sofri desse mal, mas, quer saber?
Viveria tudo de novo ...!
By Jorge Rheiz
Quinze Anos
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Eu vi Maria
Em seus quinze
Eu vi folia em seu olhar
A maresia dos meus desenganos
Era qualquer ano
A se completar
Em qualquer fase
Dessa vida vã
Em qualquer dia esse meu afã
Virá à tona
Enfrentando a sorte
Nem que seja a morte
A me desafiar
By Jorge Rheiz
Sementes
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Quantos homens buscaram
Uma luz no escuro
Entre lutas e guerras
Risos, perdição
Saciar sua sede na febre dourada
Construir seus castelos
Na força da mão
Quantos homens buscaram
Um lugar no infinito
Se fazendo em imagens
Desejos vãos
Se esquecendo que o tempo
Não foge ao destino
Cada dia que passa
Morre a ilusão
Vamos todos plantar a semente
De mãos dadas pisar este chão
Dissipar os segredos da mente
Encarar cada um como irmão
Cultivar a semente da força
Da união das mãos na batalha
Na esperança de um novo dia
Clarear corações e estradas
Caminhar todos nós de mãos dadas
Cultivar cada palmo de chão
Esperar é o fim da estrada
Que só leva a um mar de ilusão
By Jorge Rheiz
Seu Nome é Feito de Amor
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Como um raio de sol
Iluminado o céu
Um facho de luz
Na madrugada serena
Ele foi chegando assim
Aos poucos mostrando pra mim
Um novo horizonte
Um novo caminho a seguir
As marcas do tempo
Traçando na pele
Histórias de lutas e dor
Meu Deus, hoje eu sei,
Seu nome é feito de amor
Agora eu sei
Existe uma luz lá no céu a nos guiar
Não importa o caminho
Que a gente possa trilhar
No final é com Ele que a gente
Vai se encontrar
By Jorge Rheiz
Sonhos de um Poeta
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Onde existe a fome
Eu sonho com grandes plantações
E o povo se fartando
Onde existe o ódio
Eu sonho com irmãos se abraçando
Onde existe o medo
Eu sonho com olhares confiantes
Onde existe o descaso
Eu sonho com políticos empenhados
Onde existe a violência
Eu sonho com crianças
brincando felizes
Onde existe amor
Eu agradeço a Deus
Porque aí renovam as minhas esperanças
Por dias melhores
By Jorge Rheiz
Verde Sumo e Paixão
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Essa luta só termina
Se eu pegar meu alazão
E atravessar fronteiras
Entre guerras e paixão
Definir o que é seco
E molhar os corações
Pra regar toda a verdade
Que esterilizou o chão
Reviver a juventude
De um mundo de valor
Onde os homens se marcavam
Pela fé e pelo amor
Entre lutas e promessas
Num inferno abrasador
De tornar a terra seca
Em verde sumo inspiração
E cantar a euforia
Entre rimas e emoção
Ao romper da negra noite
De viola e violão
Essa luta só termina
Se eu cantar de coração
E pedir a Deus do céu
Pra nos estender a mão
By Jorge Rheiz
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